Sobre Açúcar - E Descontentamentos


Faz quase duas semanas que iniciei um processo de cortar o açúcar. A primeira semana foi horrorosa: no primeiro dia fiquei de cama, com enjôo, dores de cabeça terríveis, fraqueza. Nos dias que se seguiram meu humor parecia uma montanha russa: me peguei gritando com meus cachorros e irritada com o pacote de farinha que caiu pra fora do copo do liquidificador. Eu não fazia ideia de como o açúcar agia em mim, de quanto ele determinava minhas sensações e até emoções e quando eu descobri isso confesso que fiquei assustada.

Mas a coisa mais impressionante, pra mim, viria depois.

Depois de duas semanas muito restritas, abri algumas exceções: o casamento de uma grande amiga, o aniversário da minha sogra e nossa comemoração de 1ano e 1 mês de casamento. Foram aberturas conscientes, onde eu senti que estava escolhendo partilhar com aquelas pessoas queridas de forma consciente e se isso passava por ingerir açúcar eu o faria sem culpa.

E hoje fomos comemorar este tempo de casados num lugar bem lindo perto de onde moro, este café aqui:



(lindinho, né?)
E descobrimos que o lugar tem a opção de café da manhã. Junto com ele pedimos ainda mais um café coado e um muffin com frutas vermelhas que estava delicioso. E eu reparei uma coisa muito curiosa: eu estava profundamente feliz com tudo o que estava na mesa. Na verdade, achei mesmo que nem conseguiria terminar tudo, porque era bastante comida. Mesmo os doces que estavam uma delícia, pra mim tiveram um limite, e não quis comer isso e ainda aquilo outro (o que aconteceria antes, com certeza).

Percebi que tirar o açúcar da minha vida me ensinou a curtir mais o gosto das coisas, e principalmente curtir a sensação de saciedade depois de comer algumas castanhas, uma fruta gelada, ou tomar um café bem passado. Comecei a aprender que o preparo cuidadoso já é parte do prazer de comer, e que não precisa ser uma coisa cabulosa, mas uma coisa simples, e boa, como ela é.

Isso, eu percebo, está se espalhando pra outras coisas: não só tenho desejado menos doces, de forma insaciável como antes, mas também desejado menos roupas, menos coisas e mais momentos com as pessoas que eu amo. Mais cuidado no preparo da minha comida, mais cuidado comigo no que leio, escuto e penso, mais presença amorosa e consciente.

Sei que tudo é um processo e eu às vezes quero muitos doces como também quero muitas coisas que, obviamente, não vão me saciar. Mas aprendi que posso ensinar o que quero, posso sentir prazer e alegria com menos picos e mais constância, presença e tranquilidade. E é neste caminho que quero ir.



                      (meu amor e eu, na Sorvete em Camadas, sorveteria vegana do nosso bairro)
                          (começamos uma horta!)                                (passeios gratuitos e a pé <3)


                                                (Otto, Sancho e eu num domingo à tarde.)

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